Be True | TeatroSolo – Coletivo

E mais um trabalho se conclui essa semana. Mais uma “família” se vai, mais palavras, tantas vezes repetidas, que vão ficar no fundo da memória, para sabe se lá quando repeti-las ao acaso, quando algo lhe trouxer a lembrança….

É assim que termino esse processo do TeatroSolo. Um presente que não tenho como agradecer, nem como mesurar.

Imagina em um mês fazer 90 e poucas apresentações, na intimidade do olho no olho. 90 pessoas distintas.

Reações diversas, escuta aberta, repetição ativa, troca, silêncios, ruídos…. muitos degraus e pouco tempo, literalmente subi por fim de semana em media 64 andares, e a cada vez parecia somente um lance de escadas, que me levava a experiências que valeram cada um daqueles degraus.

As vezes o acaso traz exatamente o que você estava precisando. Foi sem querer que me inscrevi para o projeto. E quando fiz o teste, sem vergonha de dizer isso, depois de muito tempo,  pois sou muito autocrítica, sai daquela sala e me dei parabéns. Isso mesmo, sai do teste me achando, tinha feito meu trabalho como atriz, o trabalho de deixar o outro entrar e me ver e de dar, sem medo, o meu mais intimo; naquele dia eu lembro de ter firmado um acordo comigo mesma, de ser tudo aquilo sempre.

Sabe, dou aulas desde meus 16 anos de idade, e eu sempre imagino que mesmo sendo um ser humano, não sabendo tudo sobre tudo, um professor deveria fazer o que prega, ou pelo menos ser honesto com relação a isso. E muitas vezes como atriz me cobrei isso. Se me especializei em Meisner, falo tanto sobre não ter medo da critica, não se auto criticar/julgar tanto,  por que as vezes ainda não colocava tudo em pratica comigo mesma?

E como um sinal de estar no caminho certo, peguei esse trabalho que me instigou e ensinou tanto; e que me permitiu colocar em pratica tantas coisas. A própria questão de eu repetir por dia 8 vezes o mesmo texto, sendo que NUNCA foi a mesma coisa, trabalhando tanto o estar presente com o outro, minhas situações análogas, preparações e principalmente aceitar o estado da verdade do momento.

Chama-se TeatroSolo ou LoneTheater, mas é o projeto que mais prova que o ator não faz nada sozinho, de solo o teatro não tem nada, uma das artes mais coletivas, se não a mais, que existe.

Começo essa semana, então nos chamando a reflexão de nossas escolhas, dos caminhos que nos sao abertos como experiência, da nossa entrega nos trabalhos e de como é gratificante trocar.

Agradeço todos os envolvidos nesse trabalho Anna Cosenza, Carolina Moreno, Fernanda Machado, João Filho, Mariana Faloppa, Tatiana De Marca, Nadia Recioli, Érica Kou, Vera Monteiro, Alexandre Vasconcelos, Carol Vidotti, Jo Bittencourt, Daniele Sampaio, Gabriela Caraffa, Eduardo Colombo, André Mendes, Gabriela Presti Migliavacca, Gustavo Valezi, Ppf Simões, Michelle Gonçalves, Camila Loreta, Casa do Povo e Oficina Cultural Oswald de Andrade e principalmente meus companheiros João Filho e Alexandre Vasconcelos, nossos 90 e tantos espectadores, nossos produtores Andre Mendes e Elaine Castro e o criador e diretor desse lindo projeto, Matias Umpierrez; vida longa a esse homem generoso e querido!

Gratidão!!!